Um rapaz e o seu pai cultivavam um pedaço de terra, mas pouco mais
havia em comum entre eles. O pai achava que devia fazer as coisas com
calma. Mas o moço era impulsivo, estava sempre apressado.
Um
dia carregaram a sua carroça com vegetais para os irem vender à cidade.
Era um longo caminho até à cidade, uma vez que iam com uma carroça
puxada por bois. O filho, contudo, bastante impaciente e ansioso por
chegar à cidade, ia sempre a espicaçar os bois com uma vara.
Tem calma, disse-lhe o velho. Assim viverás mais tempo.
Mas assim vai levar todo o dia e toda a noite para lá chegar, respondeu
o rapaz. Se nos apressarmos, chegaremos ao mercado logo de manhã cedo,
antes de todos os outros. Não só poderemos vender melhor os nossos
vegetais, como voltaremos mais cedo para casa.
O velho pai não respondeu. Ele puxou simplesmente o seu chapéu para cima dos olhos e foi dormir na parte de trás da carroça.
Algum tempo depois chegaram junto de uma pequena casa, ao lado da
estrada. Vamos parar para dizer adeus ao teu tio, disse o velho.
O
moço mal conseguia sossegar, sentado, enquanto os dois irmãos
conversavam e desfrutavam da companhia um do outro durante quase uma
hora.
Finalmente, ao iniciarem de novo a viagem, chegaram em
breve a um cruzamento na estrada. Vamos pela estrada da esquerda,
sugeriu o velho.
Mas, pai, por aquela estrada é mais longe, respondeu o moço.
Eu sei, mas é um caminho mais fácil.
O pai não tem respeito pelo tempo? – Murmurou o moço.
Oh, sim, respeito-o bastante. Essa é a razão por que eu o uso para contemplar as flores e as árvores.
Ao pôr-do-sol eles encontravam-se numa parte muito bonita do país, e o velho insistiu que dormissem ali naquela noite.
Esta será a última vez que virei consigo. O pai não tem jeito nenhum para negócios, retorquiu o moço.
Antes de nascer o Sol, na manhã seguinte, o moço ansioso por se pôr de
novo a caminho, sacudiu o seu pai para ele acordar. Tinham andado cerca
de um quilómetro quando encontraram um homem com a sua carroça atolada
num lamaçal. Vamos ajudá-lo, apelou o velho.
Nunca iremos chegar à cidade com este passo! – Explodiu o moço.
Acalma-te, meu filho, assim viverás mais tempo.
Quando conseguiram desencravar a outra carroça, eram quase 20H00 horas
da noite. De repente, um enorme clarão, como um relâmpago, refulgiu no
céu. Ouviu-se um som de trovão e começou a chover a potes.
Se
não tivéssemos parado tantas vezes, já lá estaríamos a esta hora e não
teríamos de enfrentar esta terrível tempestade, lamentou o moço.
Oh, leva as coisas com calma, meu filho, disse-lhe o velho pai. Assim viverás mais tempo.
Pouco depois chegaram a um ponto do qual podiam ver a cidade lá em
baixo. A vista que viram levou o moço a exclamar imediatamente, em tons
humildes, vejo o que quer dizer, pai. Eles tinham chegado na manhã
seguinte ao bombardeamento da cidade de Hiroshima. Voltando a carroça
para trás, regressaram para casa.
As palavras sábias do velho
agricultor declaram para nós uma lei básica que governa a vida: Leva as
coisas com calma; assim viverás mais tempo. (Leo R. van Dolson).
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