sábado, 21 de maio de 2016

UMA VEZ CHEGA

Era Quarta-feira à tarde, dois dias antes da Sexta-feira santa. A relva estava cortada, os canteiros das flores cultivados, o pátio varrido, e tudo estava quase preparado para as celebrações da Páscoa. Sendo um adolescente de 14 anos de idade e o mais velho na minha família, eu tinha a responsabilidade de ir fazer grandes recados para buscar qualquer compra que fosse necessária.

Por volta das 14H00 o meu pai pediu-me para ir aos montes buscar as cabras para mais perto de casa. Eu só tinha andado os cerca de 300 metros, até perto da casa do Denis, quando começaram a faiscar relâmpagos no céu e o ribombar de trovões, e a atmosfera a escurecer. (Nas Caraíbas, uma pessoa sabe exactamente o que fazer a seguir, isto é, buscar imediatamente abrigo da chuva). Eu corri para a varanda do Denis justamente a tempo de vê-lo e ao seu irmão a saírem pela porta fora e a dirigirem-se para a cozinha no pátio, e eu decidi unir-me a eles.

Já molhado da repentina chuvada, nós atiçámos o lume, e logo que secámos saímos de junto do lume para nos irmos sentar num banco a um canto da cozinha. A chuva caía a cântaros e sabíamos que ninguém se aventuraria a sair para se vir unir a nós na cozinha. Nós estávamos sozinhos.

O Denis e o tio do Pedro cultivavam tabaco e tinham uma grande quantidade a secar por cima do fogo. O Pedro, de 17 anos de idade, fez um grande cigarro das folhas do tabaco que estavam a secar. O Denis, que tinha a minha idade, fez o mesmo. Eles acenderam os cigarros e começaram-nos a chupar profundamente. O Denis tossiu e cuspiu, mas o Pedro estava completamente silencioso, ele estava justamente sentado ali com o cigarro entre o seu polegar e o dedo indicador, com o cotovelo apoiado no seu joelho. O Denis imitou a postura do seu irmão, e eu observava com espanto, descobrindo pela primeira vez que os meus amigos eram fumadores.

Dá uma chupadela. – Disse o Denis enquanto estendia o seu cigarro para mim.
Não, não, eu não fumo – respondi.

Não importa; isto não te faz mal. Só um pouco de tosse a princípio, o resto é fácil. O Pedro e o Denis pareciam muito homens, e eles eram meus amigos.

Vá, experimenta, insistiu o Pedro. Olha para mim, não há nenhum problema. Experimenta só e sente o fumo morno a fazer cócegas na tua garganta. Tu irás gostar. O Pedro pôs o seu braço por cima dos meus ombros, pôs o cigarro, meio consumido, diante da minha cara, e, calmamente disse, vá experimenta. Sê um homem.

Eu peguei no cigarro, coloquei-o na minha boca e fiz quatro chupadelas profundas. Os meus olhos encheram-se de lágrimas. Eu tossi e cuspi. Senti um gosto horrível na minha boca. Voltei a dar o cigarro ao Pedro. Eles riram. Eu também tentei rir!

Pouco depois disso parou a chuva. Nós combinámos encontrar-nos às 17H00 para passarmos a noite juntos, enquanto fazíamos recados aos nossos pais. Trouxe as cabras para perto de casa e apressei-me a ir tomar um banho.

Durante o meu banho senti sensações inusitadas. Senti a minha cabeça como se fosse um pião a girar; a minha garganta estava seca; sentia cãibras no meu estômago; sentia vontade de vomitar, mas não conseguia. As minhas pernas ficaram sem forças; eu suava e tive de encostar-me à parede para não cair. Fiquei com medo. Os meus pais não devem ter sabido como eu me senti; caso contrário não me teriam permitido ir às lojas. De qualquer maneira, consegui sair de casa sem eles notarem qualquer coisa estranha. Com o dinheiro bem colocado nos meus bolsos, e o cesto das compras na minha mão, depressa percorri o caminho até me encontrar com o Denis e o Pedro. Eu não conseguia coordenar muito bem os meus movimentos. Orei, Senhor, ajuda-me a ficar bom.

Enquanto caminhava os cerca de três quilómetros com os meus amigos pela estrada de terra até às lojas, achei que levantava os meus pés mais alto do que o normal, para evitar tropeçar. Aquela noite foi uma das mais terríveis na minha vida. Não só não tive prazer na saída daquela noite, como me roubaram os dois quilos e meio de arroz que fora comprar sem eu dar conta disso. Fizeram um buraco no fundo do cesto e só estava o papel do embrulho no cesto quando cheguei a casa.

Essa foi a primeira e a última vez que usei drogas.

Pensa bem nisto: Porquê é tão difícil dizer não a amigos, mesmo quando sabes que o que eles estão a fazer é errado?

«Tu foste comprado por um preço. Portanto, honra a Deus com o teu corpo.» (I Coríntios 6:20, NIV).

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quinta-feira, 19 de maio de 2016

O QUE PODERIA TER SIDO

Um rapaz e o seu pai cultivavam um pedaço de terra, mas pouco mais havia em comum entre eles. O pai achava que devia fazer as coisas com calma. Mas o moço era impulsivo, estava sempre apressado.
Um dia carregaram a sua carroça com vegetais para os irem vender à cidade. Era um longo caminho até à cidade, uma vez que iam com uma carroça puxada por bois. O filho, contudo, bastante impaciente e ansioso por chegar à cidade, ia sempre a espicaçar os bois com uma vara.

Tem calma, disse-lhe o velho. Assim viverás mais tempo. 

Mas assim vai levar todo o dia e toda a noite para lá chegar, respondeu o rapaz. Se nos apressarmos, chegaremos ao mercado logo de manhã cedo, antes de todos os outros. Não só poderemos vender melhor os nossos vegetais, como voltaremos mais cedo para casa.

O velho pai não respondeu. Ele puxou simplesmente o seu chapéu para cima dos olhos e foi dormir na parte de trás da carroça.
Algum tempo depois chegaram junto de uma pequena casa, ao lado da estrada. Vamos parar para dizer adeus ao teu tio, disse o velho.
O moço mal conseguia sossegar, sentado, enquanto os dois irmãos conversavam e desfrutavam da companhia um do outro durante quase uma hora.
Finalmente, ao iniciarem de novo a viagem, chegaram em breve a um cruzamento na estrada. Vamos pela estrada da esquerda, sugeriu o velho.

Mas, pai, por aquela estrada é mais longe, respondeu o moço.

Eu sei, mas é um caminho mais fácil.

O pai não tem respeito pelo tempo? – Murmurou o moço.

Oh, sim, respeito-o bastante. Essa é a razão por que eu o uso para contemplar as flores e as árvores.
Ao pôr-do-sol eles encontravam-se numa parte muito bonita do país, e o velho insistiu que dormissem ali naquela noite. 

Esta será a última vez que virei consigo. O pai não tem jeito nenhum para negócios, retorquiu o moço.

Antes de nascer o Sol, na manhã seguinte, o moço ansioso por se pôr de novo a caminho, sacudiu o seu pai para ele acordar. Tinham andado cerca de um quilómetro quando encontraram um homem com a sua carroça atolada num lamaçal. Vamos ajudá-lo, apelou o velho.

Nunca iremos chegar à cidade com este passo! – Explodiu o moço.

Acalma-te, meu filho, assim viverás mais tempo. 

Quando conseguiram desencravar a outra carroça, eram quase 20H00 horas da noite. De repente, um enorme clarão, como um relâmpago, refulgiu no céu. Ouviu-se um som de trovão e começou a chover a potes.

Se não tivéssemos parado tantas vezes, já lá estaríamos a esta hora e não teríamos de enfrentar esta terrível tempestade, lamentou o moço.

Oh, leva as coisas com calma, meu filho, disse-lhe o velho pai. Assim viverás mais tempo. 

Pouco depois chegaram a um ponto do qual podiam ver a cidade lá em baixo. A vista que viram levou o moço a exclamar imediatamente, em tons humildes, vejo o que quer dizer, pai. Eles tinham chegado na manhã seguinte ao bombardeamento da cidade de Hiroshima. Voltando a carroça para trás, regressaram para casa.

As palavras sábias do velho agricultor declaram para nós uma lei básica que governa a vida: Leva as coisas com calma; assim viverás mais tempo. (Leo R. van Dolson).

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terça-feira, 17 de maio de 2016

PERDOAR


É fácil perdoar?

Encaremos os factos. Não é fácil perdoar a pessoas. De facto, existem pessoas que não merecem ser soltas do anzol. Não admira que ouçamos a pergunta, tantas vezes repetida: «Porque devo perdoar-lhe?»

Uma rapariga – uma cristã feliz com um futuro pessoal e profissional brilhante – teve todo o seu mundo virado de pernas para o ar. Ela foi violentamente violada por alguém que ela subsequentemente achava mais parecido com um animal do que com um homem. Ela sentiu-se, mais tarde, violada a segunda vez pela maneira como ele e o seu advogado trataram do caso, causando-lhe extrema humilhação e dor emocional lancinante no tribunal. A sua terceira humilhação veio na forma da pena ligeira que o juiz, aparentemente indiferente, decretou. 

Podes, talvez, imaginar a extensão da sua ira, quando um polícia, empenhado em investigar o caso, lhe perguntou se ela conseguiria arranjar lugar, no seu coração, para perdoar ao acusado. Porque haveria ela de querer perdoar esta pessoa, que tinha iniciado toda a dor que ela experimentara naqueles poucos meses passados, esta dor que ela teria de carregar, com ela, o resto da sua vida?

«Acha que ele merece ser perdoado?» Retorquiu ela em palavras odiosas, que não mais conseguia reprimir.

«Não», foi a resposta surpreendente. «Ele não o merece, mas tu sim.»

Esta é uma razão importante pela qual devemos estar sempre prontos a perdoar: Nós merecemos os benefícios do perdão. Por tudo aquilo que sabemos, o violador estava a festejar alegremente a pena ligeira que tinha apanhado. A ira contínua da jovem não desfez a sua violação tripla; ela simplesmente predizia uma quarta e mais duradoura dor. Felizmente, com a ajuda de um conselheiro, ela conseguiu perdoar e começar, de novo, a reparar a sua vida. Nós perdoamos, diz um certo conselheiro, porque o preço que pagamos por não perdoar é demasiado grande. O nosso bem-estar emocional, físico, espiritual e social pode, por vezes, depender da nossa capacidade em perdoar o imperdoável.

Um bom exemplo disto foi o de José. Lê a sua incrível história de traição e perdão em Génesis 37, 45, 50.

Procura sentir o impacto das palavras de José aos seus irmãos assustados: «Não temais, porque porventura estou eu no lugar de Deus?» (50:19).

Este é um dos exemplos mais notáveis de “deixar as coisas nas mãos de Deus”.

"Perdoa-nos como nós perdoamos"

Há uma segunda razão para perdoar – as nossas próprias imperfeições.

Todos nós fazemos coisas que requerem que sejamos perdoados. Ironicamente, a maioria de nós passamos pela vida a carregar uma balança imaginária nos nossos ombros. Num prato da balança está uma pesada carga de culpa, resultante dos nossos próprios pecados não confessados. No outro prato está uma carga de ódio e ira resultante das faltas de outras pessoas contra nós. Infelizmente, os dois pratos da balança não se equilibram um ao outro. Cada prato torna-se mais pesado pelo peso que vem do outro. 

Portanto, podemos estar gratos ao Deus a quem servimos, por Ele estar motivado, não pelo desejo de vingança pelas nossas faltas contra Ele, mas por um anelo em perdoar-nos os nossos pecados. Salmos 130:3 afirma isto de modo maravilhoso: «Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá?

O Dr. Vaudré Jacques é um pastor Adventista do Sétimo Dia, especializado no estudo de relações familiares. Ao falar da necessidade de perdão, dentro dos casamentos, ele diz: «Puro e livre perdão dá-nos algo que nós não merecemos. Este é o modo como Deus Se relaciona connosco, Seus filhos.»

Lembra-nos esta ideia de perdoar a outros como Deus nos perdoa, alguma coisa na oração o Pai-Nosso?

Se não, lê Mateus 6:12. Quando leres dá também uma olhadela aos versículos 14 e 15.

O ÓLEO DAS RELAÇÕES HUMANAS


Uma terceira razão para perdoar, na vida de uma pessoa, é o facto de o perdão ser como o óleo que mantém as engrenagens das relações humanas em funcionamento. Pensa nas inúmeras coisas que irmãos e irmãs, filhos e pais fazem uns aos outros durante toda uma vida. Imagina que não havia perdão. Como conseguiriam as famílias sobreviver com alguma alegria? A verdade é que a falta de perdão é muitas vezes a razão de muitas famílias se destroçarem.

Eis uma maneira de testar isto. Lê de novo a parábola do filho pródigo (Lucas 15:11-32). Já notaste que Jesus não nos diz se o filho mais velho, alguma vez, perdoou ao mais novo?

Imagina dois cenários: 1) O irmão mais velho continuou zangado e nunca perdoou ao mais novo. 2) Ele perdoou tal como o pai.

Qual destes dois cenários gostas mais? Qual deles achas melhor para uma sobrevivência harmoniosa da família?

Agora medita nisto: Quando é que devemos perdoar? Quando é que não devemos perdoar?

Aparentemente Jesus e os escritores cristãos primitivos passaram muito tempo a tratar destas duas questões. Lê os textos bíblicos seguintes e nota quando devemos perdoar:

MATEUS 5:23-24 – «Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali, diante do altar, a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e, depois, vem e apresenta a tua oferta.»

MATEUS 18:15 – «Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste teu irmão.»

MATEUS 18:27-35 – «Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro, prostrando-se aos seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu, também, tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um, a seu irmão, as suas ofensas.»

EFÉSIOS 4:26 – «Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.»

“ATÉ SETE?”


Vimos anteriormente Pedro a lutar com a questão oposta: Quando não devemos perdoar. Em certo sentido, quando Pedro perguntou a Jesus se perdoar sete vezes era suficiente, ele estava a ser muito generoso. Aparentemente, os rabis daquele tempo ensinavam que bastava perdoar até três vezes.

Depois disso a pessoa podia andar sem qualquer sentimento de culpa. Não precisava de pensar em voltar a perdoar. Esse ensino estava provavelmente baseado na incompreensão de um texto do Velho Testamento. Amós 1:3: «Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Damasco, e por quatro, não retirarei o castigo, porque trilharam a Gilead com trilhos de ferro.»

Sabendo que Jesus costumava apresentar padrões mais elevados do que os dos rabis, Pedro achou que estaria bem sete vezes, número que escolásticos bíblicos designam como o “número perfeito de Deus.” Podes imaginar a sua surpresa, quando Jesus disse, não sete, mas “setenta vezes sete”?

Eis uma distorção interessante sobre a questão de quando perdoar. Uma menina de 11 anos, de nome Antónia, da Califórnia, escreveu ao autor Carlos Mills a perguntar: “Irá Deus perdoar a Adão e Eva?” Mills respondeu-lhe no seu livro devocional para juvenis desta maneira: «Ele já lhes perdoou há muito, muito tempo, ainda antes de Jesus ter criado este mundo.» Surpreendente. Todos nós fomos perdoados há muito, muito tempo. Alguns de nós nem sequer ainda o sabemos.

Ora pela guia do Espírito Santo, depois faz uma lista de todas as pessoas a quem precisas de perdoar. Em frente ao nome de cada uma, escreve o método que vais usar para exprimires o teu perdão: falar pessoalmente, escrever uma carta, um telefonema, um postal, ou até uma rosa. Mantém a lista aberta. Poderás achar que precisas de acrescentar outros nomes, à medida que lês ou revês esta questão nos próximos dias.

PESSOAS A QUEM DEUS PERDOOU


A seguir estão alguns nomes de pessoas a quem Deus perdoou:

• Adão e Eva pela sua desobediência e por terem estragado os planos que Ele tinha para este mundo.
• Moisés por ter batido na rocha mais do que uma vez.
• A mulher apanhada em adultério pela sua vida de prostituta.
• Abraão por ter tido uma língua mentirosa.
• Sansão pela sua baixa moral e por não ter completado a obra que Deus lhe dera a fazer.
• David por adultério, cobiça e assassínio.
• Paulo por ter perseguido a igreja de Deus.

Lê o que Deus inspirou Paulo a escrever sobre algumas destas pessoas em Hebreus 11:8-32.

Portanto, há alguém a quem precises de perdoar hoje? Esta é uma pergunta crucial para alguém que busca alegria para a sua vida e perdão do seu Criador.

Brian Tracy, autor e narrador de uma série de cassetes áudio, denominada The Psychology of Achievement (A Psicologia da Realização), diz que há três grupos de pessoas a quem precisamos de perdoar:

O primeiro grupo são os nossos pais. Sem excepção, todos temos pais cujos pés, como os nossos, são feitos de barro. Portanto, eles cometem erros. Às vezes nós somos as vítimas, directas ou indirectas, dos seus erros. Contudo, é difícil, se não impossível, viver plenamente as nossas vidas como estudantes e profissionais, como esposas e maridos, ou como pais e dirigentes, a não ser e até que perdoemos aos nossos pais, quer já tenham morrido ou ainda vivam, por qualquer falta que tenham cometido contra nós.

O segundo grupo é qualquer pessoa que alguma vez nos tenha feito mal. Esta lista inclui amigos, e mesmo um namorado ou namorada especial, bem como irmãos e irmãs. E, como antigo professor eu próprio, é preciso incluir também algum professor nessa lista. E talvez também um pastor ou ancião da igreja. Eles também são humanos, e como tal cometem igualmente erros.

O terceiro grupo és tu mesmo. Algumas pessoas dizem que não nos podemos perdoar a nós mesmos, só Deus nos pode perdoar. Eu compreendo o que elas querem dizer. Depois de Deus ter lançado os nossos pecados nas profundezas do mar, porém, Ele não quer que nos empenhemos em repescar esses pecados do fundo do oceano e nos torturemos com a culpa.

Peçamos desculpa a quaisquer pessoas a quem tenhamos ofendido. Peçamos o perdão de Deus.

Depois aceitemos o Seu perdão, perdoemo-nos a nós mesmos e vivamos as nossas vidas com normalidade. Esse é um grande projecto para concretizares hoje.

Aqui está outro. Faz hoje dois telefonemas a alguém com quem tiveste problemas no passado. Não importa quem foi o culpado. Pelo menos, poderás dizer, por exemplo, que estás triste pela maneira como as coisas findaram entre vós e que desejas continuar a considerar essa pessoa ou pessoas como fazendo parte do teu grupo de amigos. Usa palavras tuas. Não fales muito e procura manifestar sinceridade. Não as faças sentir pressionadas a responder e tu não precisas de ficar desapontado se elas não responderem. Elas poderão precisar de tempo para ultrapassarem o choque. Há a possibilidade de 99 em cada 100, elas ficarem satisfeitas se lhes telefonares.

Medita nesta frase: «É perdoando que somos perdoados.» (Madre Teresa de Calcutá).

DA MÁGOA PARA A RECONCILIAÇÃO


Perdoar é muito, muito mais do que dizer a alguém as palavras mágicas: «Sim, eu perdoo-te.» É algo profundo. O Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia diz que a palavra perdão, como é usada na Bíblia, combina duas ideias. A primeira é a ideia de “libertar um ofensor da culpa.” A segunda é restabelecer a relação ao que era antes.

O perdão é um processo, que deve começar com o reconhecimento da nossa mágoa.

Esta é talvez a razão por que Paulo diz: «Irai-vos, mas não pequeis.» (EFÉSIOS 4:26, NRSV). A especialista em relações humanas, Dra. Bárbara de Angelis, diz que em vez de escondermos a nossa mágoa, devemos comunicar aos nossos queridos “a verdade completa”. Para ela, isto significa passar por seis estádios:

1. Reconhecer a nossa ira, culpa e ressentimento.
2. Dizer que estamos magoados, tristes e desapontados.
3. Admitir os nossos temores, insegurança e mágoas pessoais.
4. Expressar um sentimento de lamento, compreensão e responsabilidade pela parte que desempenhámos no problema.
5. Declarar os nossos desejos ou intenções e sugerir soluções.
6. Declarar o nosso amor, perdão e apreço.


A Bíblia também dá algumas ideias em como passar da mágoa para a reconciliação. Aqui estão algumas dessas ideias nos textos seguintes:

1. Provérbios 15:1 - «A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.»

2. Mateus 5:43-46 - «Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão havereis? não fazem os publicanos também o mesmo?»

3. Mateus 18:15 - «Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste teu irmão.

4. Romanos 12:21 - «Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.»

5. Efésios 4:26 - «Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.»

- Ficar zangado com o mal (não com a pessoa); tentar solucionar as coisas logo que possível.
- Responder a palavras ásperas com palavras agradáveis.
- Não esperes que as pessoas te amem antes de tu as amares a elas.
- Facilita as coisas para as pessoas pedirem desculpa; dá o primeiro passo.
- Não perdoes simplesmente mediante palavras; faz alguma coisa positivamente boa.


PERDOAR E ESQUECER


Durante esta semana, tu tens pensado profundamente porquê deves perdoar a pessoas; quando o deves fazer; quem precisa do teu perdão; e mesmo como perdoar. Agora a grande questão: «Preciso eu realmente de ‘perdoar e esquecer’?»

A Bíblia dá duas espécies de pistas. EFÉSIOS 4:32 diz que devemos perdoar «uns aos outros, como, também, Deus vos perdoou em Cristo.» Ora, como perdoa Deus? Ele coloca uma distância tão grande entre nós e os nossos pecados como entre o Oriente e o Ocidente (SALMOS 103:12). Ele lança os nossos pecados no fundo do mar (MIQUEIAS 7:19). Ele vai bem mais além de prometer esquecer os nossos pecados; Ele compromete-Se a nunca mais Se lembrar deles no futuro (JEREMIAS 31:34).

A segunda pista encontra-se em FILIPENSES 3:13. Aqui Paulo aconselha-nos a esquecer as «coisas que estão atrás» a fim de podermos avançar para o nosso futuro elevado chamado.

A primeira pista dá-nos um bom exemplo a seguir. A segunda dá, aparentemente, um bom conselho. Contudo, a ciência diz que tudo quanto alguma vez tu experimentaste está registado no teu cérebro até à morte. Portanto, parece que, a não ser que batas com a tua cabeça e sofras um ataque de amnésia, esquecer ofensas graves contra ti é virtualmente impossível.

Quem está correcta, a ciência ou a Bíblia? Ambas. Deus, porque Ele sabe tudo, não pode realmente esquecer num sentido literal. E Paulo não quer dizer realmente que, se tivermos alguma lembrança das nossas desgraças passadas, estejamos arruinados quanto ao futuro.

«Clara Barton, a fundadora da Cruz Vermelha Americana, em 1881, estava a conversar, certo dia, com um amigo quando este lhe perguntou se ela se recordava de alguma injúria cruel que alguém lhe tivesse infligido anos antes. A jovem Barton disse que não conseguia recordar o incidente.
«’Com certeza que te deves recordar’, insistiu o amigo.

«’Não’, replicou a jovem Barton, ‘não me lembro dele, mas recordo distintamente de o ter esquecido’»

Perdoar e esquecer não se refere a um esquecimento biológico. Significa perdoar tão completamente, que nunca mais lembraremos de usar outra vez a coisa perdoada em falatório ou censura contra o ofensor, permitir que isso nos cause mágoa, ou consentir que isso afecte a relação entre nós e o antigo malfeitor de alguma maneira negativa.

O PERDÃO OPERA PAZ INTERIOR


Harry Orchard assassinou mais de 290 homens. Até assassinou o governador de Idaho. Por isto ele acabou por ser encarcerado atrás de grades e sentenciado à morte por enforcamento.

É Harry um exemplo de autodisciplina? Não, não no princípio, mas mais tarde tornou-se autodisciplinado. Harry mostra como Deus pode recuperar o pior indivíduo e devolver-lhe o seu poder real de domínio próprio.

Depois de Harry ter sido preso, Deus teve a oportunidade de falar ao seu coração. No silêncio da sua cela, Harry pensou na vida eterna. Por alguma razão, ele percebeu que, se confessasse os seus pecados, Deus o perdoaria. Após semanas de angústia mental, Harry decidiu fazer as pazes com Deus, fosse qual fosse o custo. Harry confessou publicamente os seus pecados e fez tudo ao seu alcance para endireitar o seu passado miserável.

Pediu ao seu guarda uma Bíblia e começou a sua busca por perdão. À medida que paz inundava o seu coração, ele procurou orar, mas a princípio sentiu que Deus não podia ouvi-lo. Com o tempo, porém, passou a ser mais fácil orar e a oração secreta tornou-se a sua força. Uma vez, um dos seus colegas de prisão ouviu-o orar. O preso relatou que Harry estava a perder o juízo. Pelo contrário, porém, Harry estava realmente a recuperar o seu juízo aos pés do seu Criador.

No seu diário pessoal ele registou algumas das suas orações:

“Senhor, ajuda-me a ser verdadeiro com Jesus Cristo.”
“Senhor, ajuda-me a ser sempre humilde e verdadeiro.”
“Senhor, ajuda-me a afastar o olhar das provações da vida e a fixá-lo em Cristo para d’Ele receber ajuda e força.”

A sentença de morte de Harry foi revogada, mas nunca foi solto da prisão. Dentro daquelas paredes de pedra, contudo, Harry viveu uma vida limpa e cristã durante mais de 40 anos. Ele morreu na Penitenciária Estadual de Idaho. Foi enterrado fora das muralhas da prisão em Boise, Idaho.

por: Manuel Cordeiro

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Simpatia e Empatia

Em Salmos 145:8-9 lemos o seguinte: «Piedoso e benigno é o Senhor, sofredor e de grande misericórdia. O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias são sobre todas as suas obras.»

Devemos empatizar com as pessoas, mesmo quando a sua dor é o resultado de algo errado que fizeram. A nossa reacção para com elas deve ser idêntica à de Jesus para com a mulher apanhada em adultério. Revê a história da mulher adúltera em João 8:1-11 e depois considera este exemplo semelhante.

A Beta, uma jovem de 19 anos de idade, solteira, envolveu-se com o João, um homem casado, na sua igreja. O caso quase destruiu o casamento dele. O João e a esposa separaram-se por algum tempo e deixaram de frequentar a igreja. Mas depois de aconselhamento, reconciliaram-se e voltaram a frequentar a igreja.
Compreendendo o seu terrível erro, a Beta ficou terrivelmente triste e tão envergonhada que deixou de ir à igreja. Os seus amigos deixaram de se associar com ela. Muitos deixaram até de lhe falar. A senhora da igreja, para quem trabalhava à noite, disse à Beta que estava muito triste por tudo aquilo que lhe tinha acontecido, mas não precisava mais dos seus serviços.

Cada Sábado, os pais da Beta animavam-na a ir à igreja. «Não consigo», era a sua resposta. E da sua janela, com lágrimas nos olhos, ela via-os partir para a igreja. Passaram-se semanas, e um dia a Beta recebeu, pelo correio, um postal do monitor da sua classe da Escola Sabatina. «Estamos tristes pela tua ausência. Sentimos a tua falta. Por favor, volta.» Eram estas as palavras do cartão. A Beta sorriu e enfiou o cartão na sua gaveta. O pastor telefonou várias vezes e ofereceu-se para aconselhamento. Porém, ela só dizia que ia pensar nisso.

Finalmente, a Beta arranjou coragem suficiente para ir à igreja. Ela sentou-se no banco de trás e foi a primeira a sair. Durante toda a semana ela orou para Deus lhe dar coragem para voltar no Sábado seguinte, o que veio a acontecer. Depois chegou um Sábado de Santa Ceia. Após o sermão, foi pedido às senhoras para se dirigirem para a parte de baixo, para o lava-pés.

«Que estás a fazer aqui? perguntou-lhe, em voz ríspida, uma das senhoras. A Beta arfou. Os olhos encheram-se de lágrimas e ela fugiu pelas escadas acima. Enquanto caminhava, no meio das senhoras, sentiu um braço a agarrá-la. Era a mulher do João: «Por favor», disse ela, «deixa-me lavar-te os pés.»

Qual é a diferença entre simpatia e empatia? Simpatia é o sentimento ou a expressão de piedade ou tristeza pela dor de outra pessoa. Empatia é identificar-nos com alguém e compreendermos a sua situação, sentimentos e motivos.

Empatia é mais do que simples palavras. É disponibilizarmo-nos para o que for necessário.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

O TRÁGICO RESULTADO DA AMIZADE COM ESPÍRITAS

Na primavera de 1857 Moisés Hull aceitou a mensagem do Sábado e pregou o seu primeiro sermão adventista nesse mesmo ano em Greenville, Illinois (EUA). Em breve, ele mudou-se com a sua família para Iowa, onde pregou em tendas e salões. Ele foi ordenado ao ministério em Crane’s Grove, Illinois, em 1858.

Sendo um evangelista popular, atraía multidões até um milhar. Era muito hábil em debates e, como tal, participou num debate de sete dias em 1862 com outro ministro sobre a questão da imortalidade da alma. Ele ganhou a maioria dos seus debates. Em várias ocasiões debateu com espíritas.
Mais de uma vez, Ellen White advertiu-o contra fazer amizades com espíritas. Ele sabia exatamente no que se estava a meter quando começou a debater com espíritas. Ele escrevera um panfleto em 1862 intitulado: Infidelidade e Espiritismo.

Em outubro de 1862 Hull aceitou o desafio de debater com o espírita W. F. Jamieson. Mais tarde Hull disse que debatera não com Jamieson mas «com algum demónio professando ser o espírito do Sr. Downing, que falava por meio de W. F. Jamieson.» Há um relato que diz que, enquanto eles debatiam, Hull ouviu a voz de um espírito.

Alguns dias mais tarde ele reuniu-se com alguns adventistas na casa de João N. Loughborough, em Battle Creek, Michigão (EUA). Ellen White recebeu a primeira das suas mensagens para ele numa visão naquela reunião. Deus estava a usar todos os meios para o salvar.

Moisés Hull pareceu mudar. Na Review and Herald ele escreveu um breve relato e apologia a respeito do seu debate. Ele disse: «Houve ... uma influência sobre a audiência e eu estou agora satisfeito comigo próprio, tal como eu nunca testemunhei antes.»

Durante o verão de 1863 Hull foi para o estado de Nova Iorque para fazer evangelismo público. Mas em setembro desse ano, ele pregou o seu último sermão como adventista. Durante o resto da sua vida Hull foi espírita. No começo da década de 1870 ele deixara a sua esposa, e passou a advogar e a praticar o “amor livre”. Os últimos 35 anos da sua vida, ele viveu num casamento de lei comum com uma médium espírita.

Hull editou vários jornais e escreveu numerosos livros e panfletos para os espíritas. Em 1902 ele tornou-se o primeiro presidente do Instituto Morris Pratt, uma escola estabelecida para instruir médiuns espíritas.

Moisés Hull suicidou-se [por enforcamento] em 1907, em San José, Califórnia.
(Adaptado de James Nix, Adventist Review, 27 de agosto de 1987. Reimpresso com permissão.)

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